Prof. Michel Vicentine - Educador Musical

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Um pouco sobre música

Antes mesmo de nascermos, no ventre de nossas mães, já tínhamos contatos com um ambiente sonoro, seja ele natural (a música orgânica, tocada pelos órgãos, sangue correndo nas veias, etc.) ou artificial, produzido por outras fontes e absorvido pela criança antes mesmo de seu nascimento. A música está presente em quase todas as situações da vida. Existem músicas para dormir, dançar, chorar os mortos, guerras etc. Sendo assim as crianças entram em contato com música desde muito cedo e aprendem assim suas tradições musicais.
Ao brincar, interagir, criar e imitar as crianças se apropriam de uma cultura musical e corporal na qual estão inseridas. Platão acreditava e insistia que a educação deveria se concentrar em duas atividades: a música e a ginástica, pois julgava serem os eixos principais de uma educação para o desenvolvimento total do indivíduo. Segundo Platão música e a ginástica seriam o que em inglês chamamos de “core curriculum”, o tronco principal de um currículo transformador, a ginástica treinaria o corpo e a música o espírito. Uma educação que excluísse a música não poderia ser chamada de completa. Para Platão a música é parte intrínseca (consciente ou não) de cada ser humano.
Por isso quanto mais rico e desafiador for o ambiente, mais possibilidades as crianças terão acerca delas mesmas, dos outros e do meio as quais vivem.
Aprender uma canção, brincar de roda, ouvir música, jogos corporais e brinquedos rítmicos despertam e estimulam o desenvolvimento e o gosto pela atividade musical, além de atenderem as necessidades da esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvam vivência, percepção e reflexão, ordem que chamamos de “Pedagogia Ativa” em educação musical.
Harold Gardner em seu livro “Inteligências Múltiplas” identificou as inteligências: lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Granja (2006) cita Harold Gardner como teórico que trouxe enormes contribuições para a integração entre os diferentes conhecimentos da escolar. Gardner defende uma visão pluralista da mente humana, em oposição à perspectiva unidimensional em torno da inteligência da matemática e da língua que influenciou e predominou os testes de inteligência e os processos de avaliação da escola no século passado.
Segundo Gardner a Inteligência Musical se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.
A música é uma linguagem universal, portanto um meio de expressão para bebês, crianças, jovens, adultos e idosos. Sendo uma excelente ferramenta para o desenvolvimento, em qualquer época da vida, da expressão, do equilíbrio, da auto-estima, do auto-conhecimento e da integração social.

Filme “Les Choristes – A voz do Coração” - Um olhar

O filme “Les Choristes – A voz do Coração” traz a história de Clemente Mathieu, um professor de música que assume o cargo de inspetor de um internato com moldes de orfanato. Ao chegar ao internato Mathieu, assiste a conceitos educacionais cruéis aplicados pelos professores, funcionários e diretor. A filosofia da escola estava no conceito: ação-reação. Princípios de repressão para combater o maior mal da escola a indisciplina. Mathieu aplica um novo olhar para os problemas de ordem cognitivos e psicossociais do internato.

O primeiro aspecto a se tornar destaque é a aquisição de confiança dos alunos. Mathieu tomava as atitudes erradas como pontos de segredo e não punição, o que causou um desconforto ao olhar do diretor. Mathieu vê a necessidade um repensar na metodologia de ensino, com isso, traz uma abordagem educacional voltada para a confiança e auto-estima. A música é o elemento chave neste parâmetro. A formação de uma coro foi bastante contraditória pelo diretor mas foi se acomodando pelo sucesso social que o coro trazia.

Neste ambiente encontramos personagens como Pierre Morhange. Um menino que possuía traços iniciais de comportamento errôneo, mas encontrou um caminho através da metodologia de Mathieu, se tornando um grande maestro. Morhange possuía um grande potencial cognitivo que era ofuscado por elementos sociais como: A falta de referência familiar, apesar de sua mãe ser aparentemente uma pessoa boa e trabalhadora.

Morhange se torna o destaque do coro de Mathieu, mas seu ingresso não foi fácil pelo comportamento de Morhange. Baixa auto-estima é um ponto chave neste personagem. Um ponto curioso foi a forma que Mathieu conseguiu a atenção de Morhange. Vendo que seu principal cantor estava se comportando de forma errônea aplicou a filosofia inicial da escola em uma releitura. Um castigo de não cantar para a Condessa que viria visitar a escola para ver o coro de Mathieu.

Um personagem de destaque é o pequeno Pépinot, que todos as semanas espera seus pais que o abandonaram no orfanato. Pepinot encontra em Mathieu sua referência social e familiar, tanto quando Mathieu é demitido Pepinot foge do internato e parte com Mathieu.

Pépinot possuía idade e porte físico inferior a média dos alunos do internato, mas seu tratamento era de igualdade (no mal sentido). Pelo fato de não conseguir fazer nada sua aprendizagem não era efetivada. Uma atitude positiva foi na seleção de cantores. Mathieu vendo a dificuldade de Pepinot em afinar, resolve “promovê-lo” a maestro assistente do coro.

Olhando pelo desenvolvimento físico-motor os alunos do internato possuíam um distanciamento para elementos motores efetivos. Existia um professor de Educação Física, mas que na maior parte do filme trata os alunos como pequenos adultos, uma visão educacional arcaica. O desenvolvimento cognitivo – científico era tratado como forma punitiva, onde o conhecimento era algo que de certa forma traria danos. É impossível aprender sem errar, e o erro era punitivo. Ambientes como família e duplas saudáveis eram de certa forma precários.

O desenvolvimento psicossocial se tornou efetivo quando Mathieu aproveitou alguns pontos negativos, tornando-os positivos. Sua metodologia aproximou os alunos de forma familiar e afetiva, conceitos que estavam distantes da realidade daqueles alunos. Mathieu se tornou o modelo significativo para ganhos sociais do filme.

Apesar de trazer uma visão romântica sobre educação, o filme retrata que uma metodologia baseada na interação e confiança pode ser efetiva.

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